Irajá já teve uma ilha

Irajá - Rio de Janeiro

Acredite. É verdade. Irajá, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, já teve uma ilha. Ela foi aterrada. Ficava entre o atual Trevo das Missões (início da Rodovia Washington Luiz). Onde hoje ficam as empresas Cargo Park e Arm Rio Petrobrás.

Antes do aterro, a Ilha ficava em frente a antiga foz do Rio Meriti, onde ficava o Porto Velho de Irajá e a Pedra do Lagarto. Na época a região pertencia a Freguesia de N. S da Apresentação do Irajá, por isso Irajá. Hoje é divisa do bairro de Cordovil com o município de Duque de Caxias.

Nos mapas mais antigos, era chamada Ilha Gravatá ou Garavatá. Posteriormente, passou a ser chamada de Ilha de Saravatá. Esse nome foi usado do século XVIII até o fim do XX.

De acordo com a página Rio de Janeiro e Nossas Histórias, assinada pelo historiador Paulo Silva, que publicou essa pesquisa, feita por Hugo Delphim todos esses nomes derivam do tupi “karawá tã”, que significa “planta que fura”, em português “carauatá”, nome de uma bromeliácea, cujo fruto se assemelha a um abacaxi sem coroa.

A página Rio de Janeiro e Nossas Histórias, baseada na pesquisa de Hugo Delphim, também destaca que “nos primórdios da colonização, era chamada de ILHA DAS OSTRAS, devido a quantidade desse molusco na região. Um dos proprietários dessa ilha no final século XVII, foi o capitão Luiz Machado Homem, também dono do Engenho de Nossa Senhora da Graça (atual Vigário Geral) por volta de 1670, como cita um artigo do memorialista Brasil Gerson em 1969: Luiz Homem […] autor de muitos e frequentes protestos as autoridades contra os intrusos que a infestavam em sua faixa marítima, na sua Ilha das Ostras, em busca de matéria prima para cal que fabricavam com prejuízo para ele, dono dela, na foz do Rio que dizia ser do Irajá, e que, entretanto, era do Meriti”.

 

Na Revista do Instituto Histórico de 1881 também foi chamada de Ilha do Camarão.

“Chegado o final do século XIX, a ilha que nesta altura era propriedade da Marinha, foi arrendada a Abreu Mayrink Veiga, onde a firma Mayrink Veiga & Cia estabelece um depósito de pólvora. Em 1915 ocorre uma grande explosão! A firma havia comprado do Ministério da Guerra um carregamento de 30 toneladas de pólvora, que explodiram, eliminando qualquer vestígio do depósito, destruindo as casas da ilha, arremeçando árvores, trilhos e vagões para longe e deixando uma cratera de 10 metros de profundidade. A família do vigia que habitava a ilha foi resgatada por um intendente de polícia que viu a explosão da Ponta do Galeão (Ilha do Governador) e veio de canoa. Como era noite, houve um clarão que segundo relatos, foi visto até em Niterói. O estampido foi ouvido da Gávea e os tremores sentidos de Madureira. Alguns lugares da Ilha do Governador, como Flexeira, Itacolomy, Tubiacanga e Galeão sentiram o impacto da explosão em algumas construções, com vidraças quebradas“, detalha Hugo Delphim.

A beleza da Ilha de Saravatá sempre foi destaque nos relatos históricos.  Antenor Mayrink Veiga, neto de Abreu Mayrink Veiga (que comprou a Ilha da Marinha no final do século XIX, após a explsão), já como herdeiro proprietário da Ilha, fez uma casa de veraneio na mesma. Como o lugar era encantador, o imóvel chegou a receber ilustres da época como Fernando Delamare, Walter Moreira Salles, o embaixador português Walter Prytman, o prefeito de Nova York Robert Wagner, entre outros. Além de muitos eventos.

A rádio Mayrink Veiga foi instalada na Ilha, que chegou a ser cogitada para ser o local de concentração da Seleção Brasileira para a Copa de 1950. Só não foi porque ocorreu um problema de abastecimento de água.

Embora a lenda tenha sido real, muitas lendas a cercavam. Uma delas é a clássica história do tesouro escondido: “A partir de uma reportagem do Diário da Noite na década de 1950, um funcionário da família Mayrink Veiga afirmava que foi desse tesouro que iniciou-se a fortuna da família. Balela! A lenda ainda se fortaleceu devido a uma construção antiga aos fundos da ilha, localizada atrás de uma colina, onde segundo os repórteres havia um túnel com 500 metros de comprimento que a ligava ao continente. A reportagem também narrava outra lenda, de que a ilha era mal assombrada e amaldiçoada. O funcionário da família relatava aparições de fantasmas e também dizia que nesse túnel foram aprisionados muitos escravos chegados na região. Fatos curiosos, mas não passam de lendas e não coadunam com os registros apresentados até aqui, pois há registros de que a ilha já havia tido diversos donos desde o período colonial, até chegar as mãos da Marinha, sendo impossível um tesouro permanecer até a época que a mesma aforou ao Sr. Abreu Mayrinck Veiga”, informa Hugo Delphim.

A Ilha era longa, de tamanho considerável, mas, aos poucos, foi sumindo por conta dos constantes aterros realizados na região. E, como dito, tratava-se de um local de muita beleza. Muita natureza e uma vista única de uma Baía de Guanabara que encantava quem passava por lá. Que pena que essa época passou.

 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 

 
 

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